De papo com 2022 ou bem-vindo 2023


– Como assim, você já vai? Tenho a impressão de que mal acabou de chegar. Eu sabia que não me traria certezas, mas esperei um pouco mais de serenidade. Você foi muito intenso, mal consegui te acompanhar. Esperei um momento de calmaria e não veio. Tínhamos tanta coisa a fazer.

2022 me observa enquanto ando de um lado para o outro tentando compreender e dar sentido a ele. Conto que durante todo seu passar, busquei caminhar acompanhada das amigas Ansiedade, Paciência e Aceitação. Muitas vezes consegui, e isso foi de grande valia. Mas me deparei também com o Imprevisível, o Indesejado, o Radicalismo, a Intolerância. Alguns outros conhecidos da natureza humana que, de tempos em tempos, surgem com maior intensidade. Contei do meu desejo pueril de que ele demorasse mais, pois sua duração não seria suficiente para trazer ordem, rotina e serenidade. Ele me olha fundo nos olhos, do jeito que os Anos, filhos do Tempo, fazem quando nos convidam a conhecê-los melhor e diz:

– Agora é hora de tomar a amiga Calma pelas mãos e compreender que você fez muito, fez sua parte e foi o suficiente para toda a minha intensidade. Eu vim para trazer o aprendizado dos temas difíceis, dos grandes conflitos humanos, vim para promover desencontros e assim abrir possibilidade de novos encontros. Cumpri meu papel, e agora cabe a você receber meu sucessor com outra amiga, a Confiança, e continuar fazendo o seu melhor.

Faço uma profunda reverência à 2022, e quando olho para porta da frente, percebo a chegada de 2023. Agradeço e noto que ele traz a Esperança junto da Confiança. Dou um sorriso e digo: “Sim, vamos com isso…”

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