Vivenciando as Leis Sistêmicas no Cotidiano

Talvez uma das maiores contribuições de Bert Hellinger à humanidade foi trazer luz e sistematizar as leis que governam os sistemas humanos. Todo sistema possui leis que regem as relações e às quais todos os elementos estão sujeitos, gostando ou não, conhecendo ou não. As relações humanas são regidas por 3 leis que sempre existiram, portanto sempre estivemos sob a ação delas. Conhecê-las nos permite cuidar para que sejam respeitadas e assim, relações mais harmoniosas possam ser vivenciadas no cotidiano.

1. Lei do pertencimento

Todos têm o mesmo direito de pertencer ao sistema. Todos nascem em uma família e a ela estão vinculados. Estamos conectados por uma força inconsciente que atua sobre nossa consciência individual e nos liga ao grupo de maneira profunda.  Sempre que o direito de pertencimento é negado, o sistema se movimenta no sentido de restabelecer a ordem. Alguém irá se conectar inconscientemente ao excluído na busca de uma compensação.

Pertence ao sistema familiar:

• Os filhos, inclusive os meio irmãos e abortados.
• Os pais, seus irmãos e meio irmãos.
• Os avós e seus irmãos.
• Os bisavós e outros membros mais antigos da família.
• Todas as pessoas que pertencem à família em função de perda ou ganho.
• Parceiros anteriores dos pais ou dos avós.
• Pais adotivos.

Excluir não significa apenas afastar para longe uma pessoa. Muitas vezes a exclusão ocorre de maneira sutil, quando, por exemplo os idosos são afastados do convívio social, pais que são afastados através de falas de desqualificação, crianças que recebem nomes de irmãos já falecidos, etc.

São desarmonias da Lei do Pertencimento:

• Membros do sistema que se vinculam a abortos espontâneos ou provocados, buscando inconscientemente a morte.
• Membros do sistema que se vinculam a outro membro que foi excluído (são comportamentos de exclusão: dependência química, não cumprimento de deveres do grupo como participação em guerras, desequilíbrios emocionais e outros que geraram isolamento).
• Membros do sistema que se vinculam a outro membro reverenciando e trazendo para si o mesmo destino que excluiu o membro anterior. Por exemplo doenças que podem levar à morte.
• Membro do sistema que busca o afastamento ou até a morte por não se sentir reconhecido pelo sistema.
• Afastamento por escolher não carregar o destino de um outro membro do sistema. Geram sentimento de abandono e interrompem o fluxo do amor. Ex; filhos ou pais que se afastam da família.
• Pais adotivos que excluem os pais biológicos gerando desarmonia e sofrimento para a criança.

2. Lei do Equilíbrio

Para uma relação entre iguais, equivalentes, se manter em harmonia deve haver equilíbrio no dar e no tomar. Todos nós sentimos a necessidade de dar e de receber e nos sentimos importantes com estas trocas, porém quando esta relação está desequilibrada, aquele que dá em excesso acaba por se tornar um cobrador e aquele que não consegue retribuir na mesma proporção acaba por se sentir devedor e culpado pela incapacidade de compensar. A única relação onde o dar e tomar é uma via de mão única é a relação entre pais e filhos, pois os pais dão a vida, ou seja, dão tudo aos filhos e é algo tão grandioso que os pais jamais serão compensados diretamente. Os filhos irão retribuir aos pais quando tiverem seus filhos, ou quando honrarem a vida que receberam gerando vida, quer pelo trabalho, quer por uma obra, pois quem recebe também precisa dar.

São desordens na lei do equilíbrio:

• Membros do sistema que não tomaram o que receberam e se colocam na vida em situações de “dar” muito em busca de receber, mas nunca se sentem agradecidos.
• Membros do sistema que representam um outro membro que tirou a possibilidade de vida de alguém de outro sistema e se coloca em situação de culpa, muitas vezes se sentindo perseguido, como se tivesse que pagar em nome do sistema.

• Pais adotivos que não contam sobre a adoção e se sentem cobrados e perseguidos.
• Roubos de herança, onde quem tirou do outro membro não consegue se sentir feliz.
• Relações onde ambos buscam o equilíbrio negativamente.

3. Lei da hierarquia ou Lei da Ordem

Existe uma ordem que atribui a tudo que se originou primeiro a precedência em relação ao construído depois. Todos ocupam um lugar no sistema. Estar em seu lugar e respeitar o lugar dos demais dá força e traz leveza. A reverência ao que veio antes gera harmonia e felicidade, continuidade, progresso e liberação. A Lei da Ordem atua pela necessidade de reconhecimento, pela reverência e gratidão, ou seja, a aceitação ao que precedeu, pois só somos o que somos porque alguém e algo veio antes. É o reconhecimento da força que o lugar daqueles que precedem concede aos que sucedem.

Precisamos distinguir a diferença entre precedência e prioridade. Precedência é quem veio antes, está a mais tempo no sistema. Prioridade é grau de importância. Quando um novo sistema é formado, por exemplo, através do casamento, ele é mais importante do que a família de origem ou, no caso de segundas núpcias, do casamento anterior.

São desarmonias da Lei da Ordem:

• Filhos tomando lugar de pai e mãe.
• Desrespeito à ordem de precedência dos irmãos.
• Cobrar responsabilidade dos pais.
• Exigir dos pais que deem mais do que são capazes de dar.
• Tomar os irmãos como pais ou filhos.
• Tomar os pais como filhos (parentificação).
• Adoção quando não se reverencia os pais biológicos.
• Se sobrepor a alguém do sistema desmerecendo o lugar do outro.
• Os filhos que se recusam a aceitar os pais como são.
• Os pais que tentam receber dos filhos e os filhos que tentam dar aos pais.
• Mães que tomam o lugar do pai na relação com os filhos gerando filhos fracos e dependentes.

A negação à ordem pode gerar situações que não se consolidam, por exemplo:

• Filhos que saem de casa e não conseguem evoluir por julgar os pais.
• Um novo relacionamento conflituoso onde existe revolta e negação ao parceiro anterior.
• A mudança de profissão que não gera sucesso por não reconhecer a importância da profissão anterior.
• Chefes que assumem cargos de liderança, não reverenciam o que já existia e não conseguem o respeito dos membros da equipe.
• Filhos de segunda união que não conseguem viver harmoniosamente com seus pais porque não aceitam os filhos da relação anterior, ou vice-versa.
• Mudança de padrão financeiro que não concretiza porque não existe reverência ao padrão anterior.

Agora você já pode vivenciar as Ordens do Amor no seu cotidiano com consciência. Experimente!