Em geral quando começamos um processo de psicoterapia ou de autoconhecimento trazemos vários temas que desejamos “resolver”. Alguns deles são mais superficiais, resolvemos e não se repetem; outros um pouco mais profundos e outros, mais profundos ainda, parecem que por mais que os trabalhemos sempre voltam. Somos seres dinâmicos, crescemos e evoluímos constantemente, ou seja, se o tema está se repetindo é porque ainda temos algo a aprender com ele.
Pertencemos a vários sistemas (familiar, social, planetário, etc) que já passaram por grandes transformações que ressoam em nós o tempo todo e de nossa família herdamos crenças, valores, maneiras de nos comportar, tudo o que dá a sensação de pertencimento. Além disso muitos dos temas são repetidos de forma inconsciente através de várias gerações. A família é um campo de forças em cujo interior evoluímos e ela também reverbera os sistemas aos quais pertence. Aquilo que é recebido como algo harmonioso reverbera de maneira saudável, aquilo que é recebido como desrespeito, desarmonia, reverbera como um desconforto, algo a ser reparado e em geral são estes os temas que se repetem ao longo da vida. Um trabalho de Constelação Familiar auxilia a liberação dos padrões de repetição. Ao pensarmos assim seremos capazes de compreender que, ao trazer o tema novamente, estamos na busca de liberar a energia harmoniosa dentro do sistema e isso é bom… então em vez de lamentar poderemos pensar: o que ainda não fiz que pode mudar este destino familiar?
Quando crianças tomamos estas heranças emocionais inconscientemente e dispomos de poucos recursos internos para lidar com elas. Na medida em que crescemos, desde que nos propúnhamos a enfrentar nossas dificuldades, aprendemos a encará-las de maneira mais funcional, desenvolvemos nossas habilidades e competências e podemos dar um passo evolutivo. Nesta hora tendemos a acreditar que o tema está resolvido (e naquele momento, até está), mas somos dinâmicos e surgem outros contextos, outras relações e o tema volta. Se olharmos de maneira derrotista, poderemos pensar que não aprendemos nada antes, mas se olharmos com os olhos de quem observa o todo e continuarmos nos propondo às mudanças, talvez consigamos perceber que o tema até pode ser o mesmo, mas nós já não o somos, estamos em outro estágio e se o tema se repetiu é porque ainda temos algo a aprender ou algo a representar do sistema que ainda não foi resolvido.
A física quântica também apresenta uma outra maneira de abordar este assunto. Stephen Hawking, no livro “o universo numa casca de noz”, afirma que o espaço-tempo tem outras dimensões adicionais para além do que percebemos. Esta é uma das chaves importantes que tem aberto a possibilidade de aceitar outras realidades paralelas e olhar para o Ser Humano como um Ser Multidimensional, ou seja, a concepção da possível existência de múltiplas dimensões e da existência de diferentes “EUS” se manifestando em cada uma destas dimensões. Mas esta é uma discussão mais profunda que ainda não me sinto apta a realizar, mas que me faz pensar que talvez o tema voltou por estar de alguma maneira sendo vivenciado em alguma dimensão e esteja influenciando no “EU SOU” vivenciado nesta dimensão… apenas reflexões.
De qualquer forma, podemos dizer que estes temas são aqueles que dizem respeito à nossa essência, ao desafio de desenvolvermos toda nossa potencialidade, ao que buscamos enquanto seres evolutivos, à nossa missão diante da vida, à nossa alma e esta evolução não é linear. Aquilo que hoje parece resolvido, se ressurge em outro momento, é como mais uma possibilidade de evolução e crescimento individual e sistêmico. A grande sacada é aceitar, sem julgamento e com a leveza que permita o fluir das mudanças e da vida.
Quando nos colocamos verdadeiramente a serviço de nosso processo de autoconhecimento percebemos que o tema volta, mas em outro estágio… ou talvez em outra dimensão.