Quando se fala em suicídio, geralmente é do gesto violento de tirar a própria vida. Alguns consideram um gesto de coragem, outros de covardia. O julgamento não importa, o que importa é que o gesto é sempre de alguém que está emocionalmente fragilizado, desesperado e por se sentir incapaz de encontrar outra solução, a morte parece ser a única possibilidade de se livrar de dor tão intensa, uma saída radical e definitiva.
Porém, existem outras formas de suicídio silencioso do qual pouco se fala e que são muito comuns. São movimentos de dizer NÃO à vida como por exemplo o uso abusivo de álcool e drogas; dirigir em alta velocidade; negligenciar tratamentos médicos; descuidar da alimentação, como na anorexia ou na obesidade mórbida; vida desregrada; enfim todo e qualquer comportamento que coloque a vida em risco. Estas também são formas de cometer suicídio, não radicais e definitivas, mas sim lentas e gradativas.
Por serem mais sutis, são também mais difíceis de serem identificadas como formas de “sair da vida”, tanto para a pessoa, quanto para familiares e amigos. Ainda assim, causa sofrimento ao sistema e principalmente à pessoa que muitas vezes não compreende sua incapacidade de autocuidado. A grande maioria não quer morrer, apenas segue um impulso inconsciente de negar a vida sentindo-se incapaz de fazer algo diferente.
Quando olhamos para estes casos a partir de uma visão sistêmica, geralmente encontramos pessoas que não estão sendo capazes de viver a própria vida e inconscientemente carregam alguma dor ancestral. Nas Constelações Familiares é muito comum que tais pessoas estejam voltadas para o mundo dos mortos, conectadas e identificadas a alguém que se foi, e não consigam estar inteiras na própria vida. É como se dissessem: eu sigo você, eu por você.
Pensar a partir desta perspectiva pode ser o primeiro passo para reconhecer a necessidade de lidar com a questão de forma consciente, conversando a respeito e buscando ajuda profissional.
Dizer SIM à vida é tomá-la de nossos pais, do jeito como foi e buscar fazer algo de bom com ela; em honra a todos os que vieram antes, com respeito e aceitação.
“Negar a própria vida, também é uma forma de suicídio.”
(Vanilda Mendonça)